segunda-feira, 23 de maio de 2011

NERLINHO: A VOZ QUE PREDOMINAVA NA CASA!

Quando era criança, nos sábados à tarde, havia um ritual na minha casa que recordei recentemente. Meu pai, que hoje está com 73 anos, fazia a barba com uma solenidade ímpar.
Ele sentava na varanda da casa, pegava o espelho, daquele tipo com borda laranja que era vendido nos armazéns do interior, colocava sobre a mesa, geralmente escorado em alguma lata que dava a sustentação para que ficasse em pé. Depois, pegava uma bacia com água, a saboneteira, organizava o aparelho de barbear,  não do tipo descartável como hoje. Era um instrumento de metal onde a pessoa substituía apenas a lâmina. Com uma espécie de pincel, ele espalhava espuma pela face e, então,  fazia a barba.

Fui capaz de lembrar, com nitidez,  daqueles tempos quando  entrevistei  Alfredo Lussani, o Nerlinho, para o Memorial Independente. Recordei da voz, que me era familiar, porque meu pai fazia a barba ouvindo o Nerlinho.


Nerlinho (à esquerda) com colegas da Independente, na década de 1980.


A questão que talvez me marcou é que ninguém podia dar um pio. Ganhei alguns xingões por conta disso. Acredito que era a hora em que meu pai organizava os pensamentos e se dava o privilégio de dar exclusividade ao radialista, um homem que, com o seu jeito simples, animado e criativo,  soube cativar o coração dos seus ouvintes.


Nerlinho (E) em 18/08/2010.

Para eternizar as boas surpresas da vida, na ocasião da entrevista, tirei uma foto com Nerlinho e dei de presente ao meu pai.
(Dirce Becker Delwing)

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