LAURO MATHIAS MÜLLER

Lauro Müller na visão de Erni Teixeira da Silva

Uma pessoa extraordinária, inteligente. A gente logo sabia: o Lauro vai se projetar neste meio. Uma pessoa abençoada. Soube viver a vida sem diferenças tratando todas as pessoas com igualdade, atenção e bondade.

Elio Pedro Weimer lembra do seu convívio com Lauro Müller

Seu Lauro foi um pai para mim. O pai que eu não tive. Pelas oportunidades e conselhos que ele me deu. O Seu Lauro era um conselheiro. Não o homem que te cobrava, mas que te aconselhava.  Foi um incentivo muito grande. Foi o homem em quem eu me espelhei para muita coisa na minha vida. Lauro Müller foi o homem que realmente motivou Lajeado.  Ele olhava para todos com um carinho fora do comum. E o povo de Lajeado o admira porque ele era assim.

O depoimento de José Rubevaldo Machado

O falecido Lauro Müller para mim  foi um segundo pai.  A inteligência daquele homem muito poucas pessoas têm. A visão do serviço nosso de rádio que nós tínhamos, ele sabia, ele conhecia! Ele tinha visão, ele conhecia!

Lauro Mathias Müller para Renato Worm

Lauro Müller foi uma pessoa praticamente diferente de quase todas as pessoas, de todos os homens que eu conheci, com exceção do meu pai. Ele sempre tinha tempo para ti. Ele te dizia o que queria, da maneira dele sem te magoar, sem te ofender. Ele sabia incentivar. Se tu tinhas um problema, não interessava qual era o problema. Se tu tinhas um familiar doente, se tu estavas precisando de dinheiro, se tu querias fazer um investimento, ele sempre estava disponível para conversar, para te aconselhar, para te ajudar e para te apoiar.

Xyco Barzotto sobre o convívio com Lauro Müller

 Ele  foi a alma da Rádio Independente. Ele conseguiu fazer da rádio uma família. E ele preservava a família. Quem trabalhava na Rádio Independente, sabia que fazia parte de uma família. Era um orgulho para os locutores, para os funcionários dizer: Eu faço parte do Grupo Independente! 

Dizem que ninguém é insubstituível, eu tenho as minhas dúvidas.

                                                                    (JACY PRETTO)

A VIDA QUE O RÁDIO MOVIMENTA

Eu ficava na janela ouvindo a conversa. A vizinha relatava para a minha mãe a história que havia escutado no rádio. Impressionada, reproduzia detalhes da notícia de um assalto ocorrido em Porto Alegre e do qual ficara sabendo por uma emissora da capital.

Foi na década de 1970 quando o rádio entrou na casa da maioria das famílias da comunidade onde cresci. 

Primeiro rádio da minha família

 Dava para perceber, e hoje quando repouso o meu olhar sobre aqueles dias, identifico com clareza as novas inspirações de fala trazidas por este veículo de comunicação.

 Até então, os temas nas rodas de conversa giravam em torno de condições climáticas, plantações, crenças e histórias do passado.

Lauro Mathias Müller

A Rádio Independente participava diretamente do progresso das comunidades.

As reflexões feitas por Lauro Mathias Müller eram recontadas pelos agricultores.
O seu carisma e a forma como tratava os ouvintes fazia dele um familiar, um amigo, alguém em quem nós crianças deveríamos nos espelhar para termos uma vida melhor. Um ídolo!


Antigo endereço da emissora onde hoje funciona a Acil.



E foi por isso que a minha mãe nos trouxe até a cidade, meu irmão e eu -, para visitarmos a Rádio Independente. Ela  desejava que vissemos Lauro Müller de perto. Ainda lembro que ele saiu do estúdio para falar conosco, vestia um traje marron, usava óculos e tinha uma barba rala. Pediu o nosso nome, mostrou alguns equipamentos e voltou a ocupar o microfone. Por algum tempo, ficamos espiando pelo vidro, do lado de fora do estúdio.
Não cheguei a trabalhar com Lauro Müller, não tive tamanha sorte, mas o seu exemplo deixou tantas marcas que, de alguma forma,  posso reconhecê-lo no jeito de ser dos colegas que estiveram com ele por esses anos todos.

Ainda hoje guardo lembranças da imaginação que as suas falas produziam em mim nos meus tempos de criança. Por tudo isso, sinto tanto prazer em participar do projeto de resgate da memória da Rádio Independente.

                                                                                          (Dirce Becker Delwing)

JOSÉ ALFREDO SCHIERHOLT e GREICI FELDENS RUARO

Eles são os autores do livro que vai contar a história dos 60 anos da Rádio Independente e estão empenhados na coleta de dados, pesquisa em documentos antigos e seleção de imagens que deverão compor a obra.

Há 60 anos na sintonia

Recebemos ligação da professora aposentada SELMIRA SCHROEDER. Ela queria nos contar sobre a sua relação com a Rádio Independente. Lá fomos nós! Todas as vezes que saímos para uma entrevista, o percurso é acompanhado de certa ansiedade, especialmente quando não temos a menor idéia de quem está aguardando por nós. Não foi diferente desta vez. Ditmar e eu seguimos matutando quem poderia ser esta senhora, como seria e o que teria para nos contar. Fomos recebidos por uma simpática criatura, daquelas pessoas que passam boas energias já no abraço de chegada.

Selmira tem 79 anos, cresceu em Canudos do Vale, na verdade na comunidade de Baixo Canudos, coincidentemente mesmo lugar onde passei a infância. Foi professora em Forquetinha em 1951, ano da inauguração da Rádio Independente. E foi justamente sobre este tempo que desejou falar. Lembrou do dia em que trouxe os alunos da escola onde lecionava para uma visita à emissora. Como não havia ônibus disponível, a turma embarcou na carroceria de um caminhão. Recorda que as crianças estavam eufóricas, mas viajaram comportadas. Cantaram algumas canções que foram para o ar. Para reviver o momento, Selmira pegou o seu violão e cantou uma das músicas, conforme ilustrado na foto.

Conversamos por mais de uma hora com a nossa entrevistada. Ela recordou de outros fatos importantes das seis décadas de história da emissora. Detalhes que serão contados em momento seguinte, na programação especial dos 60 anos, em 2011.

Quando a voz do ouvinte faz chorar

Perguntamos a José Otávio Deves se alguma vez ele chorou ao redigir uma notícia. Então contou que, até a profissionalização e otimização do serviço funerário, eram os familiares que faziam contato com a rádio para passar as notas de falecimento. Ligavam de centrais telefônicas.

 "Otávio", como era chamado,  disse que muitas vezes chorou junto com a pessoa que estava do outro lado da linha, especialmente quando a nota referia-se à morte de uma criança. Eu ouvia, anotava e deixava a pessoa desabafar, falar da sua dor.

E, quando o telefone ficava mudo, Otávio sabia que o familiar estava tomado de emoção e não era mais capaz de concluir a informação. São histórias como esta que fazem parte dos 60 anos da Rádio Independente!

José Otávio Deves realizou um importante trabalho na emissora, onde atuou no Departamento de Notícias  por mais de 20 anos, sendo reconhecido pelos colegas como um profissional dedicado, detalhista, por vezes polêmico e, acima de tudo, muito correto e comprometido com as suas convicções como ser humano.

NERLINHO: criatividade valorizava o programa

Brincalhão e muito criativo, José Alfredo Lussani, o Nerlinho, chegou a inventar personagens com os quais conversava durante o programa Rancho Alegre, que apresentava no amanhecer do dia.. Ele mesmo fazia as várias vozes quando queria passar a impressão de que eles estavam no estúdio.  “Aquilo pegou rapaz. O Rancho Alegre mudou como nunca”.

Nerlinho (E) sendo entrevistado para os 60 anos da emissora

Também tocava gaita e cantava canções de sua autoria. Outra característica era a referência que fazia aos profissionais das mais diversas áreas: caminhoneiros, operários da construção civil, agricultores.  Para fidelizar a audiência, especialmente de quem precisava sair de casa para trabalhar, informava a hora de cinco em cinco minutos. A programação era automática e entrava até mesmo quando estava sendo rodada uma música. Para acrescentar mais um atrativo, passou a gravar a informação da hora com a voz do seu filho Gilson Lussani, que, à época,  devia ter entre três e quatro anos. Recebia muitas solicitações de músicas e havia a participação dos ouvintes que ligavam para a emissora. Teve um dia em que rodou dois discos ao mesmo tempo. Isso porque dois ouvintes haviam solicitado músicas diferentes e exigiam que fossem tocadas naquela manhã. Como não havia mais tempo para isso, olhou para o relógio e decidiu atender os dois pedidos. Explicou a situação para os ouvintes. Lembra que foi uma confusão, mas a brincadeira acabou sendo repetida por colegas em outras programações.

Nerlinho trabalhou por 42 anos na Independente. Reconhece que foi se aprimorando com o passar dos anos. Fui melhorando até o dia que me despedi. Quase nunca lia os textos digitados. Tudo era feito no improviso, até mesmo os comerciais que eram lidos ao vivo.

SEBILLA CEMIN e o MANHÃS GAÚCHAS

Sebilla Cemin de Carvalho está com 82 anos. Atualmente, mora na Sociedade Lajeadense de Amparo ao Idoso (Vovolar), em Lajeado. Sentada na cadeira de rodas, pediu para ser entrevistada na capela da instituição. Lembrou que o primeiro emprego foi numa camisaria (Schmitz e Heberle), no Bairro Praia, em Lajeado. Inicialmente como costureira e, em momento seguinte, chegou a ser líder de equipe. Relata que era uma função de muita responsabilidade. Os colonos vinham do interior para tirar medidas e retornavam para buscar a roupa costurada. Comenta que cresceu em Vila Fão. Veio para Lajeado com treze anos. Não estudou muito, mal completou o ginásio. Perdeu a mãe e precisava cuidar de cinco irmãos. Costurava para a Delésia Michelon Sanson e foi ela quem sugeriu que Sebilla comparecesse à Rádio Independente a fim de participar de um teste de seleção para locutores.

Sebilla Cemin se emociona durante a entrevista

Lembra com emoção do programa “Manhãs Gaúchas” que apresentava de segunda à sexta, das 9 às 10 horas, que ficou no ar por volta de 32 anos, sempre com o mesmo patrocinador. Ela trabalhou na Rádio Independente de 1953 a 1985.